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Anselmo Vasconcellos integra o elenco da primeira produção cinematográfica de Montes Claros, MG.

O filme "Gente igual a você, tem a de direção de Diego Dutra.

Transcrição do áudio gravado para o site pelo pesquisador e crítico de cinema, Rodrigo Fonseca. O crítico fala sobre a atuação de Anselmo Vasconcellos, na área da produção cinematográfica.

"Nos anos 70, quando faz o República dos Assassinos, o Anselmo alcança aquela que, talvez seja, a maior interpretação homoafetiva do cinema brasileiro naquele período. Só vai ser ombreado pelo Fera na década de 80, com Ana Beatriz Nogueira, na maneira como ele conseguiu associar, por um lado, o aspecto social romântico. Por outro, a certa crônica dos costumes da marginalidade e num terceiro: uma espécie de reflexão amoral e imoral dos valores de um certo bas-fond na noite do Rio.

 

E ele fez da personagem dele uma coadjuvante que vira uma espécie de centro dos prazeres proibidos do Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro, que a gente tinha na representação da malandragem, naquele período, era um Rio de Janeiro muito caricato.

O República quebra isto e vai além!

Mas, eu acho que o Anselmo tem uma contribuição para além disto, porque a contribuição que ele tem como parceiro, por exemplo, do Carvana criando coadjuvantes muito significativos numa certa fauna carioca, não só dele, como por exemplo em : "Eu Não Matei Lúcio Flávio", ele vai ser um parceiro policial do Lúcio Flávio, do Antônio Calmon, parceiro do Jesse Valadão.

E, ele faz naquele filme, alguma coisa parecida com o que o Roy Scheider fez no Operação França, ao lado do Gene Hackman. O Anselmo é um cara meio Roy Scheider. Ele é um ladrão de cenas que impõe, eu acho, pela caracterização física e tanto gás que ele tem, e, ao mesmo tempo: pela erudição... pela sofisticação... que ele tem muito grande!".

Por:  Andrea Ormond, escritora, crítica e pesquisadora.

 

Provavelmente conheci Anselmo Vasconcellos em um tarde, ou em uma noite, pela televisão da infância, esse objeto encantador que mesmeriza e guarda frutos até hoje. Provavelmente o conheci trocando risos com meu saudoso pai, ao imitarmos o bordão do “tá maus” da novela Um Sonho A Mais ou ao vê-lo digladiando com Ronald Golias e Nair Bello, na italianada do Bronco. A comédia - que Anselmo tanto ama - foi, portanto, a primeira ponte.

 

Também conheci Anselmo, e passei a vê-lo de outro modo, quando assisti aos clássicos de Antonio Calmon, entre o underground, o erudito e o pop. Eu Matei Lúcio Flávio, Terror e Êxtase, O Torturador. O que dizer do bandido Minhoquinha, em Terror e Êxtase, dançando como um Dzi Croquette minutos antes de barbarizar a cocota e o playboy que deram pinta na hora errada? Anselmo uniu a violência e o desbunde, talvez xamânicamente porque - e isto descobri anos depois, ao entrevistá-lo - possui uma consciência do cosmos e as veias abertas para o infinito.

 

Quando digo que o entrevistei, temos aí uma nova porta de nossa convivência: em 2005, ao conversamos para o meu blog Estranho Encontro, conheci outro Anselmo. E dessa coletânea de Anselmos, de tanto tempo, em 2015 batemos um segundo papo para o Estranho e as certezas se solidificaram. Novamente o conheci. E vi nele o Anselmo maduro, inteiro, pleno dentro de si, fortalecido nas contingências.

 

Diante de tudo, assim pretendo continuar a conhecê-lo, respeitando o homem e o artista de fina inteligência, capaz de momentos eternizáveis no cinema brasileiro. Entre eles, a Eloína de República dos Assassinos, uma das maiores performances de nossa história.

 

           Longa-Metragem             

Anselmo Vasconcellos

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