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- “Nós somos alunos da Martins Penna, nossa turma não deu certo com professores e vimos convidar você para nos dar aulas . Tem uma pequena remuneração e se interessar na segunda feira próxima estaremos as 14 hs na Escola. Não temos esperanças que você aceite. Hermes Frederico nos recomendou seu trabalho.”

Recordação do Futuro? Penso no camarim do Teatro João Caetano onde enceno 88 A Causa da Liberdade de Domingos de Oliveira enquanto olho este jovens estudantes. Na escola sinto uma gratificante recepção. Iran Moço, técnico da escola, me recebe oferecendo um abraço e seu apoio. Seu Artur da AMETEMPE (Associação dos Amigos Da Escola Martins Penna) me conduz aos ambientes da escola. Na secretaria conheço Claudinete Gonçalves, secretaria escolar e pesquisadora. Outros funcionários me olham curiosos e sorridentes. “Ele aceitou”, pareço ouvir em delay.

A turma é sublime e logo decidimos montar um mosaico das obras de Martins Penna, sai um caprichado espetáculo em linha-de-coro e o intitulamos O Baile D’Escola, todo em preto e branco. Faz sucesso no Teatro Armando Costa da escola. Os olhos da diretora Beatriz Resende brilham de satisfação . Ela me convida a ficar na instituição rica de talentosos e brilhantes professores. Tânia Brandão, Flávio de Campos, José Sanz, Rose Gonçalves, Hermes Frederico, Charles Khan, Márcia Rubin, Mona Lazar ... outros que a memória me trai.

Sanz intui minha vocação e insiste que eu me candidate à eleição de diretor, em curso neste 1988. Acabo convencido por ele e pelos alunos que fazem então minha campanha. Professores, funcionários e alunos por “Voto Universal”me elegem entre dois outros candidatos diretor da Escola de Teatro Martins Penna, fundada por Coelho Neto em 1908 . A mais antiga escola de ensino teatral da América do Sul. Que honra!

Convido a atriz, professora e doutora Elza de Andrade, Richard Riguetti, Antônio Pompeo, Paschoal Villaboim e Roberto Lima entra pra escola. Com Hermes Frederico como Coordenador Pedagógico redimensionamos a grade curricular e as dinâmicas da escola. Rapidamente acontece uma explosão de vitalidade e criatividade. Cursos livres com estudos de Nelson Rodrigues, Comédia dellart , Griots e Off-Sina acontecem e a escola enche de alunos e espetáculos são produzidos por todas as etapas-turmas montando de gregos clássicos a Shakespeare.

Os alunos criam o Cardápio Cultural. Mostra de esquetes, performances e músicas ocupando a escola nos finais de semana. Um clima de vibração, amor e fraternidade.

Aspazia Camargo, Secretaria de Cultura, encantada com a escola, consegue verba para reforma e nomeação de professores efetivos, entre eles eu, e funcionários. A escola brilha, avança e uma geração de talentos se forma e vai à luta no mercado.

 

No transcurso do tempo me afastei para trabalhar no Projeto de Animação Cultural do Professor Darcy Ribeiro. Com Cecilia Conde e Caique Botkay pude colaborar com treinamentos, práticas e dinâmicas para a formação dos multiplicadores culturais idealizados pela genialidade do Darcy Ribeiro com quem tive a honra de trabalhar.

Hugo Carvana na Presidência da Funarj. Governo Brizola e vou trabalhar teatro nos presídios do estado. Levamos o espetáculo Dois Perdidos Numa Noite Suja de Plínio Marcos com Antônio Pompeo e Paulão . Uma grande lição de vida e arte inesquecível.

Sthepan Nercesian e Sanz me trazem de volta à escola , formo mais turmas . Um tempo depois Marcelo Reis,na gestão Faetec, me convida a ocupar um horário matinal com um curso livre de inclusão e experimentações. São 11 anos de especulações imaginárias , estudos das performances e suas linguagens fazendo mover a aglutinação de energias, uma conexão com a Egrégora, encontro de gerações no casarão centenário do Barão do Rio Branco, na Rua vinte de abril 14 – Centro Histórico do Rio de Janeiro. São 29 anos!

 

           Agenda          

Anselmo Vasconcellos

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